sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O prisioneiro da ponte sem fim






“Já faz tanto tempo que estou andando por essa ponte, que nem sei mais a quanto de distância me afastei do início. Não vejo também o fim. Será que falta muito para eu conseguir chegar até lá? Bem, não tem jeito, preciso continuar em frente.

Estranho, estou há horas, talvez dias, seguindo em frente e parece que estou andando em círculos. Mas, não há como isso ser real. Isso é uma ponte. Não tem como caminhar em círculos aqui. Mas, é como se eu já tivesse visto essa mesma paisagem antes. Essas montanhas vultosas, cobertas por uma fina camada de neblina bem lá no fundo. Esse vale que, a cada hora mais, só me dá mais vontade de chegar ao fim. Essas nuvens que não deslizam por esse céu. Parece que estou no meio de um filme de Hitchcock. Pássaros?!?! Talvez. Não me lembro de muitas coisas. É esquisito ver essa vista tão cinzenta. E essa ponte, que nem ao mesmo faz algum movimento de balanço, nem sequer range quando piso nessas velhas tábuas. Estou com frio, mas não sinto essa sensação. É tudo tão cinzento, tão irreal, que acho que estou enlouquecendo. Preciso revê-la mais uma vez. Preciso saber o que houve.

Não lembro muito bem do rosto dela, mas aquele sorriso fantástico não sai da minha cabeça. Não sei precisar muito bem quando comecei essa jornada, e para ser sincero nem sei o que busco aqui, mas me lembro a última vez que a vi. Minha cabeça dói quando começo a tentar a aproximar mais a aquela cena em minha mente. Recordo-me do sorriso dela, de um presente – um anel – e um abraço quente por fim. Não consigo me lembrar mais, porém, essa imagem já me basta. Meu deus, como vim parar aqui? Por que estou caminhando nessa ponte que não parece ter fim? Meu deus... Mas não vou desistir, chegarei ao final, e lá a encontrarei...”

Em algum outro mundo, ao lado de um corpo inconsciente em uma cama de hospital, um aparelho fazia bip bip bip...

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