sábado, 20 de dezembro de 2008

Adeus, operária!


"Ande logo, sua operária lerda!", disse a formiga da frente para a de trás. Dezenas de formigas saíram de seu formigueiro para buscar comida. A justificativa? O inverno está chegando e é preciso que se conserve e guarde alimentos, alegam alguns. Outros, simplesmente, falam que é bom se precaver para o futuro, mas, na realidade, o motivo desta desenfreada corrida não é importante. Não se pode perder tempo em pensamentos e justificativas, temos que ir em frente!


A lerda formiga levantou-se e juntou-se à sincronizada fila que se formava adiante. Os passos eram padronizados e secos, um e dois. Não havia obstáculos que parassem aquelas operárias determinadas e destemidas.


Porém, um imprevisto aconteceu. Um som de pancada forte fez com que as suntuosas filas se espalhassem em formas amorfas. Uma nuvem de poeira subiu e as formigas saíram correndo, cada uma para seu canto sem olhar para o que acontecia ao lado. Neste momento, não havia motivo, objetivo ou justificativa - cada um por sí, como vovó ensinou.


Quando a poeira baixou, o grupo pôde constatar o que houve. Uma grande pedra caíra de algum lugar e esmagara algumas formigas que, por serem lerdas, deveriam estar para trás. "Pobres, operárias!", pensaram algumas; outras, apenas olharam e balbuciaram secamente algumas palavras sem sentido.


Passado o minuto de silêncio - frizo, um minuto apenas - em homenagem às operárias mortas, o resto das operárias continuou sua marcha para se buscar alguma coisa que não havia justificativa. E nem podia, "não temos tempo!"


Adeus, operária!

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